pequenitudes - crônicas das pequenas atitudes humanas

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

anima ferida

"quer aquela boneca, filha?", era uma voz grave e áspera. vi que era um homem enorme, musculoso e viril, semblante sério e postura exageradamente máscula. segurando sua mão, uma menininha franzina e delicada com vestido cor-de-rosa e cabelos enfeitados por um laço.

eu me aproximei da vitrine e o vi olhando para as bonecas com olhos tristes. sua garganta parecia se contorcer, como se quisesse chorar ou evitar que algo saísse. ele se virou para mim sorrindo, uma lágrima escorrendo do olho esquerdo, e me disse com voz perturbadoramente suave, que não lembrava em nada o som que eu acabara de ouvir:

"a maior surra que eu levei na minha vida foi do meu pai, no dia em que eu brinquei com as bonecas da minha irmã".

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