pequenitudes - crônicas das pequenas atitudes humanas

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Morreu como um passarinho

(imagem:desconheço autoria)

Reconheço que fui negligente.
Porém, sempre pus à sua disposição os alimentos mais saudáveis.
Oferecia pedaços suculentos de manga, fatias de banana e melancia, rodelas de abacaxi, cubinhos de melão e mamão e saborosas uvas.
Tentei seduzi-lo com mingau de aveia, pão integral de 12 grãos, granola light com canela e mel, tofu e farelos de soja. Ele rechaçava tudo com o maior desprezo.
Então, deixei-o à vontade.
Irrompia como uma flecha pela minha janela e só tinha olhos mesmo para o gorduroso queijo de manteiga, a pamonha quentinha, o pudim de leite condensado e o arroz refogado que audaciosamente beliscava enquanto ainda estava cozinhando. Não dispensava a macarronada, a pizza e tampouco o guaraná, tudo furtado com a maior destreza.
Confesso que detestava quando ele comia o bolo de chocolate deixando a mesa repleta de farelos negros. Mas gostava dele.
Morreu como um passarinho. E gordo.
Quem mandou ser um pardal moderno?

Um comentário: