pequenitudes - crônicas das pequenas atitudes humanas

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Era quarta-feira!

Dalí
Era quarta-feira!
Tudo conspirava a favor disso. Tinha cara e cheirava a cheiro de quarta-feira, o dia..
E o sol? O sol, um inconfundível sol tranquilo e cheiroso de quarta-feira! Eu não me confundiria, creiam-me!
Era quarta-feira, sim!. O céu de coalhada não dava lugar a dúvidas, bem como a forma com que o vento balançava as folhas de coqueiro defronte a minha janela e o jeito de o vizinho de cima pisar forte, como dois tijolos , o chão dele, _ meu teto.
Ademais, vejam: as quintas, são diferentes,obscuras, altas, esbeltas, esnobes, até.
Já as quartas, não! Elas são claras, humildes, baixinhas, fofas.Lembram as espumas na praia. São equilibradas. Não estão nem muito ao mar nem muito à terra. As quartas não estão tão próximas das segundas, ainda que não, das sextas.
Inútil, Isso não os convenceu.
Calendários, relógios, computadores, jornais, os telefones, pessoas... até as pessoas, todos mancomunados com o tempo fingiram ser quinta-feira.
Me roubaram um dia...
Me roubaram um dia e não era um qualquer. Era quarta-feira.
Tudo porque os ladrões de tempo não sabem que não posso perder um dia que seja da minha existência.
Muito menos uma quarta-feira!

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