pequenitudes - crônicas das pequenas atitudes humanas

segunda-feira, 29 de junho de 2009

ninho de macarrão.

A menina não conhecia a história do novelo de Teseu, mas quando das suas insólitas viagens pela Caatinga, costumava levar uns grãos de milho que a guiariam de volta para casa.
Gostava de procurar as latadas de maracujás-do-mato, que a mãe chamava de brabo, ela não sabia porque. As frutas eram importantes para a mãe. As majestosas flores roxas eram a recompensa para a menina.
Um dia, ela provou um prato de macarrão e cismou que aquilo dava em árvores.
Além dos maracujás, agora procurava uma árvore de onde pendessem aquelas tirinhas, que podiam ser moles e balançar ao vento ou duras como as fibras da vassoura de palha. Ou talvez, algo que brotasse em planta rasteira como a melancia.
Nunca encontrou o tal pé de macarrão. Mas desconfiava que eles nasciam mesmo era embaixo da terra, enroladinhos como um ninho de Rouxinol.

4 comentários:

  1. Que belo conto. Quanta densidade poética em texto breve. E como deve ser difícil penetrar dessa forma no modo infantil de ver o mundo.

    Parabéns!
    Ficou muito bonito. Tua criança é muito sonhadora.

    Abraçamigo e fraterno.

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  2. Um texto suavemente profundo... Com gosto de querer mais... Salve, "Dona" Inês: que teus macarrões pululem dentro e fora desta tela mágica, sem esquecer de visitaras árvores cheias de morcegos que existem por aí! Abraço carinhoso pelo seu talento!

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  3. Taí! Gostei. Nunca vi ninhos de macarrão, mas, como a personagem da estória, acredito que existam.

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